Neste post nós vamos contar como foi nossa expedição literária Caminhos Erico Verissimo, em que percorremos o Rio Grande do Sul! Você também pode acompanhar nossas aventuras pelo Instagram ou pelo Facebook.
Gloria e eu gostamos muito de viajar e percebemos aos poucos como a literatura tornava nossos passeios mais interessantes. Em diversas viagens encontramos referências a obras e autores que lemos ao longo de nossas vidas e curtimos encontrar elementos que trouxessem um pouco de memórias afetivas dos livros que lemos.
Este talvez tenha sido a percepção inicial para decidirmos fazer uma das viagens mais incríveis de nossas vidas: uma expedição literária pelo Rio Grande do Sul em busca da vida e da obra do escritor Erico Verissimo.
Como dispúnhamos de pouco tempo e dinheiro, buscamos um roteiro que fosse ao mesmo tempo rico e diverso, mas que nos permitisse ter gastos dentro do nosso orçamento. Depois de muito pesquisar e simular as possibilidades, definimos o roteiro.
Mas antes de detalhar cada etapa, vamos falar um pouco sobre Erico Verissimo:
Quem foi Erico Verissimo
Erico Verissimo foi um dos maiores escritores brasileiros, nascido em Cruz Alta, Rio Grande do Sul, em 17 de dezembro de 1905. Mudou-se para Porto Alegre no final de 1930 onde passou a maior parte de sua vida e escreveu a maioria de suas obras.
Casado com Mafalda Halfem Volpe, tiveram dois filhos: a artista plástica Clarissa Jaffe (nome de casada) e o escritor e cartunista Luis Fernando Verissimo.
O primeiro livro publicado de Erico Verissimo foi Fantoches e outros contos em 1932. Seu primeiro grande sucesso literário foi o romance Olhai os Lírios do Campo, ambientado na capital gaúcha e publicado em 1938. Sua obra de maior fôlego foi a trilogia O Tempo e o Vento, composta pelos livros O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1961). É autor também do mordaz Incidente em Antares (1971), seu último romance publicado. Suas memórias estão registradas em dois volumes: Solo de Clarineta Volume 1 (1973) e Solo de Clarineta Volume 2 (1976) que o autor ainda escrevia quando morreu de infarto em 1975.
O Tempo e o Vento
A trilogia O Tempo e o Vento é uma ousada e muito bem sucedida tentativa de Erico Verissimo contar a história da formação do Rio Grande do Sul, em torno da fictícia família Terra Cambará. Erico descreve a vida e a destruição da missão jesuítica de São Miguel das Missões como elemento fundante da família que deseja retratar. Narra também o surgimento e o desenvolvimento da imaginária cidade de Santa Fé, inspirada principalmente em Cruz Alta, sua terra natal.
A narrativa de Erico consegue reunir com maestria dois polos opostos: de uma lado, a narrativa fiel e detalhada dos fatos históricos, de outro, a liberdade criadora dos elementos de ficção que dá vida e nos envolve apaixonadamente em seus livros. Santa Fé não é um retrato de Cruz Alta, mas é evidente a relevância da cidade na construção dos textos ficcionais de Erico.
A saga da família Terra Cambará começa no final do século 18 com a jovem Ana Terra, que se tornaria depois a matriarca da família. Outros personagens marcantes passam pela narrativa, como a neta de Ana, Bibiana Terra e seu marido Capitão Rodrigo Cambará; Luzia, Bolívar, Licurgo, Maria Valéria e, mais ao final, Dr. Rodrigo Cambará (inspirado no pai do autor, Sebastião Verissimo) e Floriano, filho do Dr. Rodrigo, alter ego do próprio Erico no romance.
A leitura de cerca de duas mil páginas (a depender da edição) é envolvente e no final fica o vazio ao nos despedirmos dos personagens. Mas como lamentava o velho Liroca, personagem secundário, mas fundamental na obra, este é um mundo velho sem porteira. E vamos em frente!
A Expedição Caminhos Erico Verissimo
Devido à nossa limitação de tempo, a expedição teve que ser realizada em 13 dias de viagem. Visitamos 12 cidades neste período e vamos trazer mais detalhes de como foi a realização deste roteiro logo mais.
Gloria saiu de Piracicaba e foi me encontrar para iniciarmos a expedição em Campinas, ambas cidades no interior de São Paulo. Seguimos de ônibus para o aeroporto de Congonhas na capital paulista lá tomamos um voo direto para Porto Alegre. Veja abaixo a relação das cidades visitadas:
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- Porto Alegre
- Rio Pardo
- Bagé
- Alegrete
- São Borja
- Santo ngelo
- São Miguel das MIssões
- Cruz Alta
- Bento Gonçalves
- Gramado
- Canela
- Cambará do Sul
Agora, vamos apresentar um resumo do que fizemos em cada cidade.
Porto Alegre
Ficamos dois dias e meio na capital gaúcha, com visitas e entrevistas agendadas e uma incursão pelo centro histórico, passando por locais frequentados por Erico Verissimo e seus personagens.
No primeiro dia passamos pela Casa de Cultura Mario Quintana e fomos acompanhar o pôr do sol na Usina do Gasômetro. O belo Espaço Força e Luz que abriga o Memorial Erico Verissimo inaugurou as atividades do segundo dia, que foram seguidas de visitas à Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul e à casa do escritor Luis Fernando Verissimo, sua esposa Lúcia e o filho Pedro. Foi a casa em que Erico e Mafalda viveram a maior parte de suas vidas e que ainda preserva alguns itens da memória do escritor. Por fim, fizemos um passeio pelas ruas do bairro Petrópolis, onde fica a casa.
No terceiro dia seguimos um roteiro pelo centro histórico, com passagem pelo prédio onde funcionava a Livraria do Globo (Erico foi editor e escreveu várias obras ali), Praça da Alfândega, entre outros belos locais. Clique aqui para ver detalhes de nossa passagem por Porto Alegre.
Rio Pardo
Antigo centro comercial do Rio Grande do Sul, a cidade histórica recebeu uma visita bem rápida, mas que valeu muito a pena. A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, construída no final do século 18 é fabulosa e passamos pela Rua da Ladeira, que tem o calçamento tombado por ter sido o primeiro do estado. Saiba mais sobre nossa passagem por Rio Pardo.
Bagé
A cidade entrou no nosso roteiro graças às ruínas da cidade cenográfica de Santa Fé, onde foram gravadas as cenas externas de O Tempo e o Vento, filme de Jayme Monjardim, inspirado na obra de Erico Verissimo. Visitamos também o Centro Histórico e a capela de Santa Thereza, instalada em uma antiga charqueada. Veja como foi nossa encantadora passagem pela cidade!
Alegrete
No meio do caminho estava Alegrete. Cidade natal de Mario Quintana, entrou no roteiro por gostarmos muito do poeta e ele ser bastante amigo de Erico. Conhecemos o centro da cidade, a placa em bronze de Quintana (essa história vale a pena!) e a biblioteca que leva o nome dele.
São Borja
Cidade dos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart e nossa primeira parada em terras das missões jesuíticas. Tem uma riqueza histórica e cultural enorme! Visitamos quatro museus e fomos premiados com o pôr do sol à margem do Rio Uruguai, na fronteira com a Argentina. A cidade tem um cenário que lembra Incidente em Antares, último romance de Erico Verissimo.
Santo Ângelo
Importante cidade missioneira, chama a atenção a Catedral Angelopolitana,uma das poucas igrejas que tem como padroeiro um anjo e não um santo. Visitamos também o Memorial Luiz Carlos Prestes e o monumento de Oscar Niemeyer em homenagem à Coluna Prestes que começou ali a sua marcha. Ah! Aproveitamos para dar uma passada no museu do cinema antes de seguir adiante.
São Miguel das Missões
Parada obrigatória para quem visita a região missioneira, as ruínas são um show à parte. Ali começa a saga de O Tempo e o Vento com o garoto Pedro Missioneiro, provavelmente mestiço de índio guarani e europeu. Além da visita durante o dia, que é fenomenal, não se pode deixar de assistir ao espetáculo noturno Som e Luz também nas ruínas.
Cruz Alta
Cidade natal do escritor, foi ainda mais do que esperávamos! Ponto obrigatório é a Casa Museu Erico Verissimo, onde ele nasceu em 1905 e está ainda bastante preservada, inclusive com a ameixeira do japão (nespereira) que ele cita várias vezes em suas memórias. Valeram a pena as visitas que fizemos à Estação de Trem e ao Prédio da Intendência (atual sede da prefeitura).
Bento Gonçalves
Iniciamos um trecho da viagem para conhecer lugares do Rio Grande do Sul que contam a história e a cultura dos imigrantes que fizeram parte da formação do Estado. Foi ótimo! Além dos passeios noturnos em restaurantes, participamos de uma vindima, evento que reúne diversas pessoas para colheita da uva para produção de vinho, resgatando elementos da cultura italiana na região.
Gramado e Canela
Se Bento Gonçalves nos leva à colonização italiana, Gramado e Canela nos coloca dentro da colônia alemã no Rio Grande do Sul. Além da arquitetura inspirada nas casas e prédios germânicos, aproveitamos um bom fondue e passeamos pelo parque do caracol com a bela cachoeira que leva o mesmo nome.
Cambará do Sul
No alto da Serra Gaúcha, na divisa com Santa Catarina, o passeio agora foi para descansar a mente e imaginar as andanças dos personagens de Erico: uma visita ao incrível Cânion Fortaleza! Depois, descemos para o litoral por dentro da serra rumo a Porto Alegre.
Porto Alegre
Visitamos o Parque da Redenção (Farroupilha), principal ponto de encontro dos gaúchos e depois voltamos à Casa de Cultura Mario Quintana. Iniciamos e terminamos ali o nosso roteiro. Depois seguimos para o aeroporto para voltar para a casa levando na mala muita vontade de voltar!
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