Artistas de Piracicaba criticam edital e querem ajuda da Prefeitura

Integrantes de movimentos culturais consideram que proposta da Prefeitura não compreende a realidade da epidemia de coronavírus e pedem ações emergenciais

Antonio Chapeu, do movimento Liberdade Liberdade (foto: acervo pessoal)
Antonio Chapeu, do movimento Liberdade Liberdade (foto: acervo pessoal)

Artistas que participam de movimentos de cultura em Piracicaba criticam o edital de incentivo fiscal lançado pela prefeitura esta semana. Eles pedem ações emergenciais voltadas àqueles que vivem da atividade artística e que estão sem trabalhar devido a epidemia de coronavírus (covid-19).

O edital publicado pela Semactur (Secretaria de Ação Cultural e Turismo) recebe inscrições até esta sexta, dia 10, e vai contemplar no máximo 28 projetos de música e artes cênicas com valor até 1,5 mil por proposta. Veja mais sobre o edital aqui.

De maneira geral os artistas reclamaram dos seguintes pontos:

  • quantidade de propostas a serem aprovadas muito pequena em função do número de artistas da cidade e principalmente num momento em que muitos estão sem trabalho.
  • limitação quanto às áreas, pois o edital não atende o audiovisual, a cultura popular, as artes visuais e outros segmentos.
  • valor muito baixo do prêmio por projeto, que deve cobrir despesas e o cachê do artista.
  • excesso de burocracia que dificulta o acesso dos artistas ao prêmio;
  • a prefeitura deveria lançar um programa emergencial de apoio financeiro aos artistas que estão sem trabalho;
  • o edital estimula a concorrência num momento em que é necessário políticas de solidariedade.

Opiniões dos artistas

A artista de dança, produtora cultural e integrante da Frente das Culturas e do Coletivo Anônimo da Dança, Fernanda Ferreira, diz que o lançamento do edital diante da epidemia de coronavírus “soa até de maneira fria das partes envolvidas. Uma proposta competitiva no meio de uma calamidade me parece insensível”.

A inclusão de apenas artes cênicas e música no edital foi um dos pontos que incomodou o ator e produtor cultural, Antonio Chapeu, do movimento Liberdade Liberdade. Para ele, além da quantidade de projetos contemplados (28) ser pequena diante do número de artistas que existem na cidade, há outros setores que precisam de auxílio imediato, como as culturas populares e tradicionais. Ele pede que a prefeitura faça um programa de incentivo imediato e que atenda toda a classe artística da cidade, afetada pela quarentena pelo coronavírus.

Chapéu e outras pessoas estão se organizando para ajudar os artistas que passam por mais dificuldade financeira, mas alerta que essa ajuda é limitada e defende que a prefeitura deva fazer isso.”O orçamento é oriundo de impostos, é o nosso dinheiro. Não é secretaria nem secretário, nem prefeito, é dinheiro nosso. É direito nosso, direito dos artistas, direitos de todos os piracicabanos de maneira geral”, comentou Chapéu.

Integrante da Frente das Culturas, a advogada Rai de Almeida criticou o valor destinado como muito baixo para ajudar os artistas neste momento: “R$ 1,5 mil em uma única parcela com todas as responsabilidades que a pessoa tem com o projeto” e para pagamento somente no segundo semestre.

Ela lembrou que o edital publicado esta semana é igual ao do ano passado e que a Secretaria não teve sensibilidade de perceber o que está acontecendo com os artistas devido à quarentena. “Destinar recursos apenas para 28 projetos  é não ter a dimensão do momento e o que os artistas precisam agora”.

Outro lado

O Da Janela procurou a Semactur nessa terça-feira, dia 7, a respeito das críticas dos artistas. No entanto, até o momento da publicação desta reportagem não havia recebido retorno. Quando a Semactur responder, as informações serão acrescentadas ao texto.

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