Erico Verissimo foi um escritor brasileiro, autor de Olhai os Lírios do Campo, O Tempo e o Vento e Incidente em Antares, entre vários outras obras. Nasceu em Cruz Alta (RS) em 17 de dezembro de 1905 e morreu em Porto Alegre (RS) em 28 de novembro de 1975. Foi pai do também escritor Luis Fernando Verissimo e da artista plástica Clarissa Verissimo.
É considerado um modernista de segunda geração e os romances são suas principais obras, embora tenha também escrito contos, livros infanto-juvenis, ensaios e narrativas de viagens. A adaptação de alguns de seus romances para o cinema e a TV resultaram em novelas, filmes e minissérie. Teve sua obra traduzida para 16 línguas. Livros de Erico Verissimo na Amazon.
O escritor apostava no papel social do romancista, sentia que era uma obrigação trazer à luz as contradições e injustiças da nossa realidade.
A Vida de Erico Verissimo
Erico Verissimo nasceu dia 17 de dezembro de 1905, em Cruz Alta, no oeste gaúcho, porta de entrada para a região missioneira do Rio Grande do Sul. Filho de Sebastião Verissimo e Abegahy Lopes Verissimo, a dona Bega, Erico passou a infância entre os carinhos da mãe e as extravagâncias do pai, um amante da boa vida, dos prazeres e do sexo.
A separação dos pais, quando ele tinha 17 anos, marca profundamente Erico, que vai morar com a mãe na casa dos avós. Sebastião era filho de médico e foi dono de uma farmácia. Mas devido a seu estilo de vida gastou todo dinheiro que possuía. A mãe de Erico continuou costura do para sustentar a casa e os filhos, atividade que já havia iniciado quando o dinheiro foi acabando por conta dos excessos do marido. A máquina de costura de dona Bega vai aparecer no conto As Mãos de Meu Filho, publicado por Erico em 1942. Foi empregado num armazém, funcionário no Banco Nacional do Comércio ,professor de inglês e sócio de uma farmácia em Cruz Alta, mas a literatura sempre foi o seu refúgio, como leitor e escritor. Aos 13 anos já lia autores brasileiros – Aluízio Azevedo, Joaquim Manuel de Macedo, Coelho Neto – e estrangeiros – Dostoievski e Walter Scott.
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Em 1930 se mudou para Porto Alegre em busca de um emprego que lhe permitisse trabalhar com literatura. Seu primeiro endereço foi o Majestic, um dos melhores hotéis da capital gaúcha. Apesar do pouco dinheiro que dispunha, Erico queria começar sua vida na capital num local que fosse inspirador (hoje o hotel é a Casa de Cultura Mario Quintana). Depois de alguns meses, conseguiu emprego de secretário na Livraria do Globo, uma importante editora local.Se casou com Mafalda Halfen Volpe em 1931, também de Cruz Alta. Era filha de um estancieiro falido, característica semelhante à personagem Flora de O Tempo e o Vento. Do casamento nasceram seus dois filhos: Luis Fernando e Clarissa.Erico trabalhou boa parte de sua vida na Livraria do Globo, onde foi também tradutor, editor e diretor. A editora se tornaria uma das mais importantes do país e foi por ela que o escritor publicou seus primeiros livros.
Gostava muito de viajar e ao longo de seu percurso conheceu culturas e países diferentes. Foi professor de literatura brasileira na Universidade da Califórnia, conferencista em várias universidades americanas e entre 1953 e 1956 foi o Diretor Cultural da União Pan Americana em Washington.
Em 1961, enquanto escrevia O Arquipélago, terceiro livro de O Tempo e o Vento, sofreu o primeiro infarto, que o fez reescrever boa parte do livro, colocando a experiência no personagem Dr. Rodrigo. Em 1975 veio o segundo enfarto que o matou em 28 de novembro.
Livros de Erico Verissimo
Olhai os Lírios do Campo
Foi com Olhai os Lírios do Campo (1938) que Erico passou a ser reconhecido como grande fenômeno editorial. O livro tem como protagonista Eugênio, um médico apaixonado pela colega Olívia, mas se casa por dinheiro com Eunice, filha de um empresário. Eugênio vive em profundo conflito entre o conforto material que sempre buscou e a felicidade. O livro foi adaptado para a televisão na novela homônima da Rede Globo em 1980.
Solo de Clarineta volumes 1 e 2
O primeiro volume do livro de memórias Solo de Clarineta foi publicado em 1973 e nele Erico Verissimo conta sua trajetória desde menino até o casamento de sua filha Clarissa nos Estados Unidos. Quando escrevia o segundo volume de Solo de Clarineta, em 1973, Erico foi vítima de um infarto. O livro foi organizado por Flavio Loureiro Chaves e publicado postumamente em 1976. Começa com o casamento de Clarissa e conta as viagens que Erico fez aos Estados Unidos, América Latina e Europa. O terceiro volume planejado não chegou a ser escrito.
Incidente em Antares
Último romance escrito por Erico Verissimo, Incidente em Antares foi publicado em 1971. A história se passa na fictícia cidade de Antares, vizinha de São Borja, na fronteira gaúcha do Brasil com a Argentina. Devido a uma greve geral, sete pessoas que morreram no mesmo dia não foram enterradas e por isso saem de seus caixões e voltam ao centro de Antares. Sem mais nada a perder, pois já estavam mortos, os cadáveres em putrefação começam a evidenciar as mazelas, incoerências e hipocrisias da sociedade local. A população, principalmente os poderosos, desejam logo se livrar dos mortos insepultos devido às verdades inconvenientes que eles revelam.
Veja o que encontramos de Antares quando visitamos São Borja, no Rio Grande do Sul.
O livro foi adaptado em 1994 para a televisão pela Rede Globo com texto de Charles Peixoto e Nelson Nadotti. No teatro, foi adaptado em 2005 pelo Grupo Teatral Máschara de Cruz Alta (RS), com direção de Cléber Lorenzoni, e em 2012 pelo Grupo Cerco, com direção de Ines Marocco.
O Tempo e o Vento – trilogia
O Continente
Em 1949 Erico Verissimo publicou O Continente, o primeiro livro de sua maior obra, a trilogia O Tempo e o Vento. Neste primeiro trabalho, Erico conta a história da formação do Rio Grande do Sul e seu povo, começando em 1795, com a destruição das Missões Jesuíticas no oeste gaúcho, até a Revolução Federalista (1893-95). Neste volume estão as histórias de alguns de seus mais famosos personagens: Ana Terra, Capitão Rodrigo e Bibiana Terra Cambará na fictícia cidade de Santa Fé.
O Continente foi adaptado para a televisão na minissérie da Globo (1985) e para o cinema, com direção de Jayme Monjardim (2013), ambos com o título O Tempo e o Vento. As imagens externas do filme foram rodadas na cidade cenográfica de Santa Fé construída em Bagé.
O Retrato
O segundo livro, O Retrato, publicado em 1951, traz a história do Dr. Rodrigo Cambará no início do século 20, com as instabilidades políticas no Rio Grande do Sul e no Brasil chegando ao início do governo de Getúlio Vargas. Dr. Rodrigo é o personagem inspirado no pai de Erico, Sebastião, um bon vivant, apaixonado pela França, pelos vinhos, caviares, música erudita e mulheres.
O Arquipélago
Já o último livro, O Arquipélago traz Floriano e seu embate com o pai Dr. Rodrigo, numa metáfora das dificuldades da relação de Erico com seu pai Sebastião. O contexto é o governo ditatorial de Vargas e sua decadência. O escritor conta 150 anos de história do Rio Grande do Sul, num trabalho que supera o regionalismo, com um estilo descritivo bastante detalhado e de muito rigor histórico.
Ana Terra de Erico Verissimo
Ana Terra é uma das personagens mais emblemáticas de Erico Verissimo. Matriarca da família Terra Cambará, tem um filho com Pedro Missioneiro, um mestiço de mãe indígena violentada por um homem europeu. Ana Terra simboliza a origem do povo gaúcho. Por isso, na Casa Museu Erico Verissimo em Cruz Alta, o quarto onde o escritor nasceu leva o nome da personagem.
Na televisão, Ana Terra foi interpretada por Gloria Pires na minissérie da Rede Globo (1985). Já no cinema (2013), foi sua filha, Cléo Pires, quem deu vida à personagem.
Ana Terra é também o título de um dos capítulos do livro o Continente de Erico Verissimo. Foi publicado como livro separado em 1971.
Um Certo Capitão Rodrigo
O Capitão Rodrigo Cambará é um dos personagens mais conhecidos e fortes de Erico Verissimo. Trata-se de um herói gaúcho que combateu em guerras no sul do país e que se apaixona por Bibiana Terra na fictícia cidade de Santa Fé. O trecho de O Continente que traz as aventuras do personagem se chama Um Certo Capitão Rodrigo, que foi publicado em 1970 como livro separado.
Na minissérie da TV Globo (1985), Capitão Rodrigo foi vivido por Tarcísio Meira. Já no cinema, Thiago Lacerda interpretou o personagem no filme de Jayme Monjardim (2013).
Clarissa de Erico Verissimo
Clarissa marca a estreia de Erico Verissimo como romancista. O livro foi publicado em 1933 pela Livraria do Globo de Porto Alegre e teve bom resultado comercial. Conta a história de uma garota que se muda para a casa da tia na capital gaúcha. A tia tem uma pensão e por ela passam vários tipos que a menina observa e assim vai descobrindo o mundo. O romance mostra a importância das personagens femininas na obra de Erico que depois ficarão mais evidentes em Olívia (Olhai os Lírios do Campo) e Anta Terra, Bibiana e Maria Valéria (O Tempo e o Vento).
Caminhos Cruzados
Segundo romance de Erico Versissimo, Caminhos Cruzados é uma história urbana, que mostra as contradições de uma sociedade desigual e injusta. Publicado em 1935, foi considerado um livro subversivo pelo governo de Getúlio Vargas. Erico passou a ser visto como comunista, embora em toda sua trajetória ele jamais tenha aderido ao comunismo. Além da polêmica, o livro rendeu ao autor o prêmio Graça Aranha.
Música ao Longe
Em Música ao Longe, Erico Verissimo retoma sua personagem Clarissa, agora uma jovem em transformação. Ela não sabe se seus sentimentos são verdadeiros ou ilusões, enquanto observa o mundo a sua volta, como a decadência da rica família Albuquerque. O livro recebeu o “Prêmio de Romance Machado de Assis”, concedido pela Cia. Editora Nacional de São Paulo. Foi adaptado para a televisão em 1982, na telenovela escrita por Mário Prata para a TV Cultura.
Um Lugar ao Sol
Em Um Lugar ao Sol, Erico Verissimo continua sua trajetória de mostrar as condições e contradições da vida urbana. Neste romance, Clarissa e outros personagens de Caminhos Cruzados retornam com tamanho vigor que Erico chegou a escrever que é o melhor elenco humano que criou, com exceção de O Tempo e o Vento.
Fantoches
Fantoches é uma coletânea de contos que marcou a estreia de Erico Verissimo como escritor em 1932. A publicação foi um fracasso comercial e os exemplares ficaram encalhados na editora. Porém um incêndio destruiu o estoque e a Livraria do Globo foi reembolsada pela seguradora. Assim a editora teve recursos para publicar a segunda obra de Erico, o romance Clarissa (1933), que teve aceitação bem melhor do público.
Noite, de Erico Verissimo
Noite é uma novela densa que se passa em Porto Alegre com um homem que perdeu a memória mas acredita que cometeu um assassinato. Sem saber quem é, ele busca sua identidade e cai no submundo da boemia e da criminalidade da noite portoalegrense. Uma história intensa para ler quase que sem parada.
Lista de Livros de Erico Verissimo
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- Fantoches (1932)
- Clarissa (1933)
- Caminhos Cruzados (1935)
- A Vida de Joana d’Arc (1935)
- Música ao Longe (1936)
- Um Lugar ao Sol (1936)
- As Aventuras do Avião Vermelho (1936)
- Os Três Porquinhos Pobres (1936)
- Rosa Maria no castelo encantado (1936)
- Meu ABC (1936)
- As Aventuras de Tibicuera (1937)
- Olhai os Lírios do Campo (1938)
- O Urso com Música na Barriga (1938)
- A Vida do Elefante Basílio (1939)
- Outra Vez os Três Porquinhos (1939)
- Viagem à Aurora do Mundo (1939)
- Aventuras no Mundo da Higiene (1939)
- Saga (1940)
- Gato Preto em Campo de Neve (1941)
- As Mãos de Meu Filho (1942)
- O Resto É Silêncio (1943)
- A Volta do Gato Preto (1946)
- O Tempo e o Vento: O Continente (1949)
- O Tempo e o Vento: O Retrato (1951)
- Gente e Bichos (1956)
- México (1957)
- O Ataque (1958)
- O Tempo e o Vento: O Arquipélago (1961)
- O Senhor Embaixador (1965)
- O Escritor Diante do Espelho (1966)
- O Prisioneiro (1967)
- Israel em Abril (1969)
- Incidente em Antares (1971)
- Solo de Clarineta (2 volumes) (1973 e 1976)
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