Fernando Sabino foi um dos grandes escritores brasileiros do século 20. Jornalista, cronista, contista, romancista, editor, cineasta, baterista, nadador. Muitas foram suas habilidades, mas é fundamentalmente reconhecido por seus textos bem humorados e de leitura muito fácil e prazerosa.
Nasceu em Belo Horizonte, no Dia da Criança, em 12 de outubro de 1923. Talvez por isso mesmo dizia que se sentia sempre um menino, descobrindo coisas novas cotidianamente. As descobertas se davam no olhar curioso e no ato de escrever. “Os meus livros não são livros que procuram retratar o mundo. Os livros procuram apenas me ensinar aquilo que eu não sei pra eu poder ficar sabendo a meu respeito”, disse em entrevista à Bruna Lombardi no programa Gente de Expressão.
Quem foi Fernando Sabino? Veja o vídeo
Dentre suas obras mais conhecidas estão os romances O Grande Mentecapto, O Encontro Marcado e O Menino no Espelho. Publicou diversos livros de crônicas, como O Homem Nu, A Companheira de Viagem e Deixa o Alfredo Falar.
Fernando Sabino escreveu também novelas, como A Vida Real e Faca de Dois Gumes. Publicou três livros de cartas (Cartas a um Jovem Escritor, correspondências trocadas com Mario de Andrade; Cartas Perto do Coração, com Clarice Lispector; e Cartas na Mesa com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino).
Morreu de câncer na véspera de seu aniversário de 81 anos, no dia 11 de outubro de 2004, em seu apartamento em Ipanema.
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Biografia de Fernando Sabino
Fernando Sabino nasceu em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, em 1923. Filho de Domenico Savino (“Domingos Sabino”) e de Odete Tavares de Lacerda Sabino, que eram descendentes de italianos nascidos em Leopoldina no interior mineiro. Durante a infância e a juventude, Fernando morou em uma casa da Rua Gonçalves Dias, número 1458, bem em frente à Praça da Liberdade.
Os primeiros textos
Suas lembranças e fantasias de garoto foram as matérias-primas para a composição do romance O Menino no Espelho, publicado em 1982. Nele, o autor resgata as memórias de uma infância rica em brincadeiras, numa cidade que era ainda jovem (Belo Horizonte foi fundada em 1897, tinha apenas 26 anos quando o autor nasceu).
Já o período da juventude de Fernando Sabino foi marcado pelo início de suas atividades literárias e a formação de um grupo de quatro amigos que se manteria coeso por toda a vida. Além de Fernando, o quarteto era formado por Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino. Todos eles se tornaram escritores e foram chamados por Otto de “quatro cavaleiros de um íntimo apocalipse”. Juntos conversavam sobre literatura e os dilemas da vida, frequentavam a zona boêmia de Belo Horizonte e iniciaram as primeiras atividades literárias e na imprensa. Este período reúne as angústias do jovem Fernando retratadas na primeira parte do livro O Encontro Marcado (1956), considerado por muitos como sua obra-prima.
Fernando Sabino escreveu seu primeiro conto aos 14 anos e publicou o primeiro livro Os Grilos não Cantam Mais (1941) aos 17. Nesta época dedicava-se à natação e foi campeão recordista mineiro nos 400 metros nado costa.
Em 1944 se casou com Helena, filha do governador de Minas Gerais, Benedito Valadares. Mudaram-se para o Rio de Janeiro, para que o jovem assumisse o cartório que ganhou de presente de casamento do então presidente Getúlio Vargas. Tiveram quatro filhos: Eliana, Leonora, Pedro e Virgínia.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, passou a colaborar com a imprensa e se tornou amigo de grandes intelectuais e artistas, como Vinícius de Moraes, Tom Jobim e Rubem Braga.
Ao se separar de Helena, em 1952, Fernando Sabino abriu mão do cartório e passou a se dedicar integralmente à atividade literária e ao trabalho nos jornais e revistas. Chegou a escrever crônicas diárias para jornais.
Em 1957 se casou com Anne Beatrice Estill e tiveram três filhos: Verônica, Bernardo e Mariana. Se separou em 1972 e se casou com Lygia Marina de Moraes, com quem não teve filhos.
No exterior e editor
Fernando Sabino morou por dois anos na década de 1940 em Nova Iorque, onde trabalhou no consulado e nesta época produziu crônicas para jornais do Brasil, reunidas mais tarde no livro A Cidade Vazia. Morou também em Londres nos anos 1960, com a função de adido cultural na embaixada brasileira.
Em 1960 fundou a Editora do Autor em sociedade com o escritor Rubem Braga, com foco em escritores brasileiros e latino-americanos. Em 1966, também com Rubem Braga, fundou a Editora Sabiá.
Aventurou-se no vídeo e em 1973 criou a Bem-te-vi Filmes, com o cineasta David Neves. Juntos, produziram uma série de dez documentários sobre escritores brasileiros e também filmes sobre feiras internacionais.
Apaixonado por jazz, foi baterista amador e muitos o viram tocar em bares do Rio de Janeiro.
Maturidade
Revirando papéis antigos em 1979, Fernando Sabino encontrou as primeiras páginas de um romance que havia iniciado em 1946. Teve, a partir daí, uma compulsão por retomar a história e escreveu O Grande Mentecapto em apenas 18 dias. No ano seguinte, recebeu o Prêmio Jabuti de melhor romance pelo livro.
Procurado pela ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Melo, escreveu o relato biográfico Zélia, Uma Paixão. O livro alcançou sucesso imediato, mas foi alvo de muitas críticas, inclusive de amigos do escritor.
Nos últimos anos de vida, dedicou a organizar e publicar antigos trabalhos, como O Galo Músico (1999) e Os Movimentos Simulados (2004).
Escreveu o próprio epitáfio, que está em seu túmulo no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro: “Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino!”.
Seu legado é administrado pelo Instituto Fernando Sabino, presidido por um de seus filhos, Bernardo.
Obras de Fernando Sabino
- Os grilos não cantam mais – contos (1941 – Pongetti)
- A marca – novela (1944 – José Olympio)
- A cidade vazia – crônicas e histórias (1950 – NY)
- A vida real – novelas (1952, Editora A Noite)
- Lugares comuns – dicionário (1952, Record)
- O encontro marcado – romance (1956, Civilização Brasileira)
- O homem nu – crônicas (1960, Editora do Autor)
- A mulher do vizinho – crônicas (1962, Editora do Autor)
- A companheira de viagem – crônicas (inclusive crônicas de viagens) (1965, Editora do Autor)
- A inglesa deslumbrada – crônicas (inclusive crônicas de viagens) (1967, Sabiá)
- Gente I e Gente II – crônicas e perfis de personalidades (1975, Record)
- Deixa o Alfredo falar! – crônicas (1976, Record)
- O Encontro das Águas – crônicas sobre uma viagem à cidade de Manaus/AM (1977, Record)
- O grande mentecapto – romance (1979, Record)
- A falta que ela me faz – crônicas (1980, Record)
- O menino no espelho – romance (1982, Record)
- O Gato Sou Eu – crônicas (1983, Record)
- Macacos me mordam (1984, Record)
- A vitória da infância (1984, Editora Nacional)
- A faca de dois Gumes – novelas (1985, Record)
- O Pintor que pintou o sete (1987, Berlendis & Vertecchia)
- Martini Seco – romance policial (1987, Ática)
- O tabuleiro das damas – autobiografia literária (1988, Record)
- De cabeça para baixo – crônicas de viagens (1989, Record)
- A volta por cima – crônicas (1990, Record)
- Zélia, uma paixão – biografia (1991, Record)
- O bom ladrão – novela (1992, Ática)
- Aqui estamos todos nus (1993, Record)
- Os restos mortais (1993, Ática)
- A nudez da verdade (1994, Ática)
- Com a graça de Deus (1995, Record)
- O outro gume da faca – novela (1996, Ática)
- Um corpo de mulher (1997, Ática)
- O homem feito novela (originalmente publicada no volume A vida real) (1998, Ática)
- Amor de Capitu – recriação literária de Dom Casmurro (1998, Ática)
- No fim dá certo – crônicas (1998, Record)
- A chave do enigma (1999, Record)
- O galo músico (1999, Record)
- Cara ou coroa? (2000, Ática)
- Duas novelas de amor – novelas (2000, Ática)
- Livro aberto – Páginas soltas ao longo do tempo – crônicas, entrevistas, fragmentos, etc. (2001, Record)
- Cartas perto do coração – correspondência com Clarice Lispector (2001, Record)
- Cartas na mesa – correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino (2002. Record)
- Os caçadores de mentira (2003, Rocco)
- Cartas a um jovem escritor e suas respostas (2003, Record)
- Os movimentos simulados (2004, Record)
- Bolofofos e finifinos (2004, Ediouro)
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