Praça da Liberdade

A Praça da Liberdade nos atrai sempre que vamos a Belo Horizonte. Não é para menos. É um lugar lindíssimo, rodeado de belos prédios e que envolve muita história. Como nós adoramos ouvir e contar histórias, estamos sempre passando por lá.

Em nossas últimas passagens pela cidade, o que nos atraiu para a Praça foi o escritor Fernando Sabino (1923-2004), que nasceu bem em frente. A casa de seus pais foi uma das primeiras moradias da região, ficava na rua Gonçalves Dias, bem ao lado da sede da então Secretaria das Finanças, hoje Memorial Minas Gerais Vale.

O menino Fernando, aquele mesmo de O Menino no Espelho, cresceu tendo como extensão do quintal a Praça da Liberdade. E foi o lugar onde ele (e Eduardo, seu alter ego de O Encontro Marcado) puxou angústia com seus amigos da vida inteira (Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino). Fernando se casou no outro extremo da Praça, no Palácio da Liberdade, sede do governo do Estado, mas esta história vou contar um pouco mais adiante.

A trajetória de Fernando Sabino foi só o pretexto para justificar nossas andanças intermináveis pela Praça. A casa dos pais do escritor não existe mais, em seu lugar foi construído um prédio moderno, que abriga a Escola de Design da Universidade Estadual de Minas Gerais, (UEMG). No térreo há o Espaço Cultural, aberto a exposições, onde inclusive o próprio Fernando já foi homenageado.

Mas vamos falar um pouco dos espaços bacanas da Praça e do seu entorno.

Jardim da Praça da Liberdade

Praça da Liberdade harmoniza o verde com os prédios de Belo Horizonte - Foto: Wanderley Garcia / Da Janela
Praça da Liberdade harmoniza o verde com os prédios de Belo Horizonte – Foto: Wanderley Garcia / Da Janela

A Praça da Liberdade é um espaço muito bonito, agradável e plural. Foi centro do poder político, hoje é o centro cultural da capital mineira. É cortada em sua extensão por uma alameda de paralelepípedos, margeada em ambos os lados de palmeiras imperiais, formando um corredor que vai do fim da Avenida João Pinheiro até o Palácio da Liberdade.

De cada lado da alameda podemos ver bustos, arbustos, canteiros gramados, estudantes, moradores de rua que se banham na fonte, o tradicional coreto, crianças, vendedores de pipoca e algodão doce, namorados, aposentados, gente com pressa, gente sossegada.

Nos bancos, eu e Gloria já nos sentamos por diversos motivos: descansar, arrumar equipamentos, conceder entrevista, ou simular o momento de puxar angústia de Fernando Sabino e seus amigos.

Memorial Minas Gerais Vale

Memorial Vale Minas Gerais: valorização da história e da cultura mineiras - Foto: Gloria Cavaggioni / Da Janela
Memorial Vale Minas Gerais: valorização da história e da cultura mineiras – Foto: Gloria Cavaggioni / Da Janela

Na esquina em frente ao lugar onde Fernando Sabino morou fica o Memorial Minas Gerais Vale, antigo prédio da Secretaria das Finanças, onde o futuro escritor teve seu primeiro emprego na juventude como um burocrata. Nós sempre quisemos conhecer o memorial, mas por diversos motivos, deixávamos para uma outra vez. Até que durante a expedição Fernando Sabino  decidimos que era hora de entrar e ficamos encantados.

É um museu todinho dedicado à história e à cultura mineiras. Um nascido nas Gerais como eu não deixa de se emocionar ao desbravar as amplas salas com exposições de diversos tipos. As que me chamaram mais a atenção? A maquete animada de Ouro Preto, a árvore de Guimarães Rosa, os totens da religiosidade e cultura popular. Mas tem muito mais! Dá pra passar boas horas ali dentro. Só o prédio, construído no final do século 19, quando da mudança da capital mineira, já compensa a visita.

Circuito Liberdade

Coreto da Praça da Liberdade, ao fundo o Centro Cultural Banco do Brasil - Foto: Wanderley Garcia / Da Janela
Coreto da Praça da Liberdade, ao fundo o Centro Cultural Banco do Brasil – Foto: Wanderley Garcia / Da Janela

O governo de Minas criou o Circuito Liberdade, um roteiro que reúne ao menos 25 espaços culturais públicos e privados próximos à Praça. Todo o roteiro é possível fazer a pé, embora nem todos os locais fiquem colados à praça. Com um pouco de disposição é possível visitar vários deles num único dia. Gloria e eu pensamos que talvez seja possível completarmos todo o circuito. Mas precisa de tempo!

O roteiro chega até o Mercado Central, ponto turístico e de comércio fundamental para quem pretende comprar bons produtos de todas as regiões do estado, como queijos, cachaças, doces e artesanatos. Ainda não foi ao ao Mercado? Precisa ir. O tradicional para comer ali é o fígado acebolado com jiló, de preferência acompanhado de uma cerveja bem gelada e/ou de uma cachacinha. Aos sábados, dia de maior movimento, a fila é imensa e fica tudo muito lotado. Se puder ir um dia de semana, recomendamos.

Centro Cultural Banco do Brasil

Visita ao prédio e às exposições garantem excelente passeio no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte - Foto: Gloria Cavaggioni / Da Janela
Visita ao prédio e às exposições garantem excelente passeio no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte – Foto: Gloria Cavaggioni / Da Janela

Outro espaço que parece um imã. Passamos pelo Centro Cultural Banco do Brasil incontáveis vezes, sempre aproveitando belas exposições. A última foi a Portinari Raros. O prédio foi construído entre 1926 e 1930 e abrigou inicialmente a Secretaria do Interior. Desde 2013 abriga o CCBB.

No interior do prédio neoclássico há um grande vão, cercado por inúmeras janelas, onde há um café, área ideal para relaxar e botar a prosa em dia. Também no térreo, bem na entrada está a loja Bem Mineiro com artesanatos muito bonitos de várias regiões de Minas. Vale uma passadinha nem que seja só para admirar as peças.

Assim como no Memorial Vale, só o prédio já vale a visita!

Edifício Niemeyer na Praça da Liberdade

Impossível não ter os olhos atraídos para o Edifício Niemeyer - Foto: Gloria Cavaggioni / Da Janela
Impossível não ter os olhos atraídos para o Edifício Niemeyer – Foto: Gloria Cavaggioni / Da Janela

Difícil é caminhar pela Praça da Liberdade sem ter os olhos atraídos para o Edifício Niemeyer, projeto do maior arquiteto do Brasil, construído nos anos 1950. Está a uma quadra do Palácio, ao lado do Centro Cultural Banco do Brasil. Suas modernas formas curvas, característica marcante dos projetos do arquiteto, contrastam com o estilo neoclássico dos palacetes governamentais que circundam a praça. Moraram nele representantes das famílias ricas e poderosas de Minas Gerais.

Mas o que nos chama a atenção é buscar os vestígios de dois insetos que marcaram a juventude de nossa geração: a Borboleta Atíria e o Escaravelho do Diabo. Quem não se lembra destes livros escritos por Lúcia Machado de Almeida que faziam parte da Coleção Vagalume? Pois Lúcia também morou no Edifício Niemeyer. Infelizmente o prédio não é aberto à visitação pública por se tratar de um condomínio residencial.

Palácio da Liberdade

Sala de reuniões do Palácio da Lilberdade, antiga sede do governo mineiro - Foto: Gloria Cavaggioni / Da Janela
Sala de reuniões do Palácio da Lilberdade, antiga sede do governo mineiro – Foto: Gloria Cavaggioni / Da Janela

Já visitamos duas vezes o prédio em estilo eclético que foi a sede do governo mineiro e residência do governador. O Palácio da Liberdade foi inaugurado em 1898 sob influência da arquitetura francesa. No seu interior chamam a atenção escadarias, lustres, mobiliário, painéis nas paredes. Também nos encantou muito os jardins de inspiração inglesa que circundam todo o Palácio, unindo verde e obras de arte.

Em 1944 Fernando Sabino, sempre ele, casou-se no Palácio com Helena, filha do governador Benedito Valadares. Passou a noite de núpcias num dos quartos do imponente edifício.

Em 2010 foi inaugurada a Cidade Administrativa, que passou a ser a nova sede do governo mineiro. O Palácio chegou a ser usado depois disso para reuniões do governador, mas hoje é utilizado apenas para visitação pública, com visitas gratuitas, expontâneas ou guiadas. Mais informações aqui.

Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais

Os quatro cavaleiros de um íntimo apocalipse em frente à Biblioteca Estadual de Minas Gerais - Foto: Wanderley Garcia / Da Janela
Os quatro cavaleiros de um íntimo apocalipse em frente à Biblioteca Estadual de Minas Gerais – Foto: Wanderley Garcia / Da Janela

A sede da Biblioteca fica no fim da Avenida Bias Fortes no encontro com a Praça e o Palácio da Liberdade. O prédio é outra obra modernista de Oscar Niemeyer presente no Circuito.

O que nos atraiu até lá primeiro foram as estátuas dos “quatro cavaleiros de um íntimo apocalipse”, como Otto Lara Resende chamou o grupo que formava com os amigos escritores Hélio Pellegrino, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino. Murilo Rubião, outro escritor mineiro, pouco mais velho que o quarteto, também está chegando por ali.

Outra “atração” da Biblioteca é a riquíssima coleção Mineiriana, com um acervo de obras sobre Minas ou escritas por mineiros.

Outros espaços do Circuito Liberdade

O Circuito Liberdade reúne vários outros espaços próximos à Praça. Alguns nós já visitamos, boa parte ainda esperamos conhecer. Segue aqui a relação de todos eles:

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