Não é à toa que o centro cultural que homenageia o poeta Mario Quintana em Porto Alegre se chama Casa. Foi um espaço que muito nos acolheu e com ele tivemos um lar na capital gaúcha. Aqui você vai conhecer como foi nossa passagem pela Casa de Cultura Mario Quintana
O prédio já recebeu muita gente. A começar pelo próprio Quintana, que escolheu o antigo hotel Majestic como morada. Seu quartinho continua lá, uma réplica, é verdade, mas com os objetos pessoais do poeta, o que nos faz sentir como se ele pudesse chegar a qualquer momento.
Na Casa de Cultura Mario Quintana tivemos o primeiro compromisso da expedição literária Caminhos Erico Verissimo (você pode saber mais sobre a expedição aqui). Fomos lá conhecer o local onde Erico e Mafalda se hospedaram em lua de mel e onde hoje a biblioteca homenageia o escritor gaúcho.
Roteiro pela Casa de Cultura Mario Quintana
Começamos com um tour guiado pelos vários espaços da Casa, salas para exposições, para cursos, oficinas. Conhecemos o ambiente dedicado à também gaúcha Elis Regina. Na passarela que liga um prédio ao outro (sim, a casa fica num prédio que na verdade são dois!) demos de cara com uma inesperada coroa de flores no chão. O arranjo fazia parte de uma instalação para marcar o Dia da Visibilidade Trans. A Casa acolhia algumas das pessoas mais discriminadas do lado de fora.
Escolhemos o terraço do 5º andar da Casa para gravar nossas entrevistas. No Jardim Lutzenberger, as banheiras antigas, um dia usadas pelos hóspedes do Majestic e agora transformadas em canteiros de plantas, ao mesmo tempo provocam uma agradável surpresa e dão uma sensação de algo íntimo, próximo e simples. Estávamos suspensos da realidade bruta do dia a dia, sentindo a poesia de Quintana na brisa que abranda o verão portoalegrense. Nossos cataventos imaginários giravam sem parada.
A Casa não seria tão acolhedora sem a recepção mais do que amistosa, carinhosa, que recebemos. Na fisionomia da assistente do Núcleo Educativo, Clara Marques, transparecia sua preocupação em nos atender e explicar bem sobre cada espaço. O então diretor Diego Groisman comprou nossa ideia de expedição e fez questão de nos mostrar com muito cuidado os exemplares raros das obras de Erico que estão no acervo da Casa. No último dia, foi muito gentil em gravar uma entrevista sobre a ligação do romancista com a casa (veja no vídeo abaixo):
O assessor de comunicação Ludwig Larré (o nome me assustou um pouco, confesso) foi um anjo que a Casa mandou para nos guiar. Um anjo nada ortodoxo, deixo bem claro. Desde o tour inicial até nossa despedida de Porto Alegre Larré nos acompanhou de alguma forma, mesmo quando estávamos percorrendo o interior do estado.
O terraço
Encerradas a visita aos espaços da Casa e as entrevistas, fomos levados por Larré para o Lola Bar em outro terraço (7o andar). As lâmpadas pendiam do teto sobre o balcão e pareciam bolas de sabão reluzentes, perpetuando a sensação de um lugar e um tempo sem tempo nem lugar. Além da cerveja, dos drinks e do sotaque gaúcho de Larré, ao qual começávamos a nos acostumar, do lado de fora o horizonte duro dos prédios de Porto Alegre era rompido pela beleza do Guaíba. O sol descia devagarinho e lançava suas luzes sobre as águas, os telhados e o parapeito que nos impedia de voar pela cidade.
Como um ímã, a Casa nos atraiu todos os dias que ficamos em Porto Alegre. Por um motivo ou outro, ou mesmo sem motivo, passamos ali e sentimos de novo a aura acolhedora do prédio (ou seria de Quintana, de Erico e tantos outros que passaram ali?).
De saída, em nossa despedida do Rio Grande do Sul, combinamos com Larré um almoço em frente à Casa. Comemos a tradicional a la minuta, algo parecido com o prato feito paulista, mas com um encanto diferente. Talvez por sermos turistas, ou talvez pela saudade de Porto Alegre que começamos a sentir antes mesmo de deixar a cidade.
Sem pressa para embarcar, fizemos sozinhos um último tour pela Casa, nos despedimos do prédio, mas levamos Quintana e Erico conosco.
Por Wanderley Garcia e Gloria Cavaggioni. Casal de jornalistas apaixonados por viagens e literatura. Têm pós-graduação em educação e são criadores e editores do site dajanela.com.br
Saiba mais sobre a Expedição Literária Caminhos Erico Verissimo:
[…] Segundo o Google, o termo deriva do francês à la minute e significa “a cada minuto”. Quer dizer, um prato que está pronto em minutos. É o correspondente ao prato feito paulista: geralmente uma porção individual já colocada no prato composta por arroz, farofa, ovo frito e carne, acompanhada por uma cumbuca de feijão e uma travessinha de salada. Desvendado o mistério só nos restou saboreá-lo. Wanderley é de Minas, terra famosa pela mesa farta e um parceiro e tanto nas minhas gulodices – mesmo afirmando que eu é que sou o curuquerê. Como seu similar existe à la minuta de frango, de peixe, de carne e do que mais a imaginação do cozinheiro for capaz de criar. Provei a de frango e a de peixe e nas duas ocasiões Wanderley ficou com a de carne vermelha. Nas duas estava uma delícia. O cenário também colaborou, comemos as duas vezes em restaurantes diferentes, em mesinhas na calçada da Rua dos Andradas, que é arrebatadora. Na segunda vez o sabor da comida ficou meio misturado com um tanto de melancolia, Era nossa despedida do Rio Grande do Sul e por isso mesmo almoçamos com nosso mais recente amigo, Larré, em frente ao lindo prédio do antigo hotel Majestic, hoje Casa de Cultura Mário Quintana, um lugar que se tornou significativo para nós. Veja como foi nossa passagem por este incrível lugar! […]