Caminhar por Porto Alegre em busca de Erico Verissimo foi uma experiência muito especial! Como o escritor gaúcho dedicou parte de suas obras a contar a história do Rio Grande do Sul, por onde você passa na capital do estado é possível encontrar algo que lembre Erico.
Nesta postagem vamos contar o que vimos e queremos compartilhar com vocês! Pra você que chegou primeiro aqui, esta é uma parte da expedição Caminhos Erico Verissimo em que nós, Wanderley e Gloria, dois jornalistas apaixonados por cultura e viagens, percorremos o Rio Grande do Sul em busca da vida e da obra do escritor gaúcho. Aqui você pode conhecer o roteiro completo da viagem!
Chegamos a Porto Alegre de avião na hora do almoço de 27 de janeiro de 2022 e do aeroporto fomos direto ao hotel. Como o tempo era curto, pois a primeira visita estava agendada para 16h na Casa de Cultura Mario Quintana, comemos um cachorro quente rápido no Centro da cidade a poucos metros de onde estávamos. Dali iniciamos pra valer nossa aventura!
Casa de Cultura Mario Quintana
Partimos para a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), passagem obrigatória para turistas que como nós adoram as diversas formas de expressão artísticas. O prédio chama a atenção porque na verdade são dois, ligados por passarelas sobre a travessa Rua dos Cataventos, mesmo nome do primeiro livro do poeta.
O edifício foi construído entre 1916 e 1933 para abrigar o Hotel Majestic, na época um dos melhores e mais modernos de Porto Alegre. Mario Quintana morou muitos anos no hotel e por isso a homenagem a ele.
Mas o que pouca gente sabe é que Erico Verissimo também passou por ali quando se mudou para Porto Alegre vindo de Cruz Alta com o sonho de ser escritor. Foi também neste hotel que passou a lua de mel com Mafalda.
Hoje, a biblioteca da Casa de Cultura chama-se Espaço O Tempo e o Vento e tem em seu acervo exemplares raros das obras de Erico Verissimo.
Não deixe de visitar a réplica do quarto de Quintana e a exposição permanente sobre a tambeḿ gaúcha Elis Regina. E no final do passeio, curta o bar no terraço com vista parcial para o Rio Guaíba.
Parque da Orla do Guaíba
Nossa próxima parada foi uma visita à Orla do Rio Guaíba, levados pelo amigo que fizemos lá, o também jornalista Ludwig Larré, assessor de comunicação da Casa de Cultura Mário Quintana. Passamos ao lado da imponente Usina do Gasômetro (espaço cultural que infelizmente estava fechado para visitações). No parque há bares e restaurantes à margem do rio e os porto-alegrenses e turistas aproveitam a orla para ver o belíssimo pôr do sol.
Larré e sua companheira Tetê nos levou na sequência para um passeio por vários bairros e pontos interessantes de Porto Alegre, como o viaduto Otávio Rocha, a Travessa dos Venezianos, e por fim, como não podia ser diferente, paramos para comer uma boa carne no Chica Parrilla y Bar.
Centro Histórico de Porto Alegre
O Centro Histórico de Porto Alegre ajuda muito a contar a trajetória de Erico Verissimo. Uma das principais vias, e a que mais passamos, foi a Rua dos Andradas, antiga Rua da Praia. Nela as referências a Erico são inúmeras: Casa de Cultura Mario Quintana, Espaço Força e Luz, Praça da Alfândega, Livraria do Globo. Próximo também está a Biblioteca Pública do Estado, o Theatro São Pedro, Praça Marechal Deodoro (Praça da Matriz), Palácio Piratini, Catedral, monumento a Júlio de Castilhos… Enfim, não faltam boas opções para uma visita histórico-cultural e (por que não?) literária.
Espaço Força e Luz
Logo de manhã do segundo dia de expedição (28 de janeiro) saímos para nosso compromisso inicial: conhecer o Espaço Força e Luz . Este centro cultural está instalado em um belo prédio histórico e abriga o Memorial Erico Verissimo. O prédio de estilo eclético construído de 1926 a 1928 fica no calçadão da Rua dos Andradas, 1223.
Tivemos uma sorte imensa: estava em exposição a mostra A Voz de Erico, com áudios e vídeos do escritor falando sobre sua vida e obra.
O Memorial tem o maior acervo sobre o escritor na capital gaúcha. São dois andares com materiais sobre Erico e suas obras, muito bem organizados e dispostos de forma envolvente. No acervo estão originais e cópias dos originais de Erico, edições antigas, fotografias, material audiovisual, maquetes das cidades fictícias criadas pelo autor.
Lá, a diretora-presidente Verônica Fernandez e a gestora do Educativo-Cultural Ana Mattos nos conduziram pelos espaços, contaram parte da história de Erico.
Biblioteca Pública do Estado
Há duas maneiras de visitar a Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul. Uma delas é pelo seu acervo, o mais rico sobre o estado gaúcho (e não faltam exemplares das obras de Erico Verissimo). A outra atração é o antigo prédio, localizado na Rua Riachuelo, no Centro Histórico de Porto Alegre.
Quando nós visitamos a biblioteca, o prédio estava passando por uma delicada operação de restauro. Camadas de tinta estavam sendo retiradas de suas paredes no hall e junto às escadarias para revelar painéis pintados à mão e ocultados por décadas.
O funcionário da biblioteca, Fábio Lazzari foi uma grata surpresa: nos contou passagens de Erico Verissimo pela biblioteca, como uma palestra que ele proferiu ali. Fábio tem uma memória incrível!
Casa dos Verissimo
Como último compromisso do dia, fizemos uma visita à família Verissimo no bairro Petrópolis, também na capital gaúcha. Nosso objetivo era conhecer a casa que foi de Mafalda e Erico Verissimo em Porto Alegre e ouvir histórias sobre o escritor. Hoje na mesma casa moram o seu filho e também escritor Luis Fernando Verissimo, sua esposa Lúcia Helena e o filho do casal Pedro Verissimo, que é músico.
A casa é um aconchegante sobrado (de frente parece térrea) e é repleta de arte! Afinal já está chegando na quarta geração de artistas: a bisneta de Erico tem uma bateria ali.
Por ser a residência da família, a casa não é aberta à visitação pública, mas mesmo se você não conseguir fazer uma visita, vale a pena passear pelas ruas do bairro Petrópolis onde Erico e Mafalda faziam suas caminhadas diárias. Na esquina está a Praça Mafalda Verissimo.
Caverna do Ratão
Para encerrar o dia, fomos comer um lanche aberto num dos bares mais tradicionais de Porto Alegre, o Caverna do Ratão, na avenida Protásio Alves, em Petrópolis, perto da casa dos Verissimo. Indicação incrível do Larré. Não sabíamos que exatamente 30 dias depois, no dia 27 de fevereiro, o bar encerraria suas atividades depois de 66 anos.
Mercado Público de Porto Alegre
Em nosso terceiro dia em Porto Alegre (29/01), o último antes de percorrer o estado, programamos um passeio pelo Centro Histórico, sem entrevistas nem nada agendado. Conseguimos informações com alguns porto-alegrenses que nos ajudaram a pensar um caminho e começamos pelo Mercado Público.
O que é comum a estes mercados é exatamente a reunião num só lugar de várias características locais. Se em Belo Horizonte dominam os queijos, doces e cachaças, em Porto Alegre não faltam insumos e cuias para chimarrão. E nas padarias sempre há um quindim.
Museu de Arte de Porto Alegre
Ao lado do mercado fica a antiga sede da Prefeitura de Porto Alegre, o Paço dos Açorianos ou Paço Municipal. Quando passamos por ali, ainda funcionava o comando do governo local e por ser sábado, o prédio estava fechado. Mas em agosto de 2022 o gabinete do prefeito e de secretários foram transferidos para o novo Centro Administrativo Municipal. A antiga sede, inaugurada em 1901, abriga agora o Museu de Arte de Porto Alegre e é aberta à visitação.
Praça da Alfândega
Dali seguimos a pé até a Praça da Alfândega, um enorme espaço no coração da cidade com vários atrativos para quem quer conhecer Porto Alegre e a cultura gaúcha. O que nos chamou a atenção foi o Farol Santander, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, o Memorial do Rio Grande do Sul e as estátuas dos poetas Carlos Drummond de Andrade e Mario Quintana. A seguir, vamos detalhar mais
Farol Santander
A antiga sede do Banco da Província e também do Banco Nacional de Comércio é um importante Centro Cultural da capital gaúcha. Impressiona a imponência do prédio construído entre 1927 e 1931.
Tivemos a sorte de encontrar ali a exposição itinerante do fotógrafo ucraniano Sioma Breitman (1903-1980) que viveu em Porto Alegre. Com muitos registros da história da cidade, fomos mergulhando no universo porto-alegrense em fotos impressas na parede e também em paineis gigantes no saguão. Procuramos e entre vários retratos da exposição havia um de Erico Verissimo.
Memorial do Rio Grande do Sul
Ao lado do Farol Santander está o Memorial do Rio Grande do Sul, que abriga o MARS (Museu Antropológico do Rio Grande do Sul), ambos, equipamentos da Secretaria de Cultura do Estado. Além da beleza da arquitetura do prédio que foi a sede dos Correios e Telégrafos no estado, apreciamos uma exposição sobre congadas.
Museu de Arte do Rio Grande do Sul
Para fechar o ciclo de espaços culturais da Praça da Alfândega, visitamos o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, também pertencente à Secretaria de Cultura do Estado. Na ocasião, encontramos exposições relacionadas à cultura negra e indígena.
Estátuas de Drummond e Quintana
Algumas estátuas chamam a atenção na Praça da Alfândega. Uma delas é a do Barão do Rio Branco, a outra é a de General Osório. Mas para nós, amantes da literatura, as que mais nos atraíram sem dúvida foram as dos poetas Carlos Drummond de Andrade e de Mario Quintana. Poder sentar ao lado deles, fazer uma foto e falar de poesia é um imenso prazer.
Correio do Povo
Erico Verissimo trabalhou no jornal Correio do Povo, bem como seu amigo Mario Quintana. O jornal existe até hoje e sua sede ainda fica na rua dos Andradas. Passamos por ali num sábado à tarde e a redação já estava fechada e por isso não conseguimos entrar. Mesmo assim, o jornal já havia registrado nossa passagem por Porto Alegre em suas páginas.
Museu da Comunicação Hipólito José da Costa
Na esquina em frente ao Correio do Povo encontramos o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa que nem estava em nosso roteiro inicial. Como somos jornalistas e curiosos, obviamente entramos para conhecer e tivemos uma boa surpresa ao encontrar equipamentos antigos usados em jornais, rádios e emissoras de TV e alguns relatos sobre a história da imprensa gaúcha.
Theatro São Pedro
Outro prédio histórico importante em Porto Alegre é o Theatro São Pedro, pouco acima da Rua dos Andradas, na Praça Marechal Deodoro, ou Praça da Matriz. Por ali passaram alguns personagens importantes de Erico Verissimo, como o pianista Menandro Olinda de Incidente em Antares, e Eugênio e Olívia de Olhai os Lírios do Campo.
Palácio Piratini
A sede do governo gaúcho, o Palácio Piratini, fica também junto à Praça da Matriz. Sua pedra fundamental foi lançada em 1896 mas o término das obras só aconteceu em 1921. Se você não pode ir até Porto Alegre, pode fazer um tour virtual pelo acervo artístico do Museu.
Estátua de Leonel Brizola
O gaúcho que transformou a sede do governo em um espaço de resistência à tentativa de golpe em 1961 está imortalizado ao lado do Palácio Piratini. A estátua mostra um Leonel Brizola altivo e atuante em defesa da legalidade.
Catedral Metropolitana de Porto Alegre
Quando nos aproximamos da Catedral de Porto Alegre fomos surpreendidos pelos sinos que tocaram por minutos, numa melodia que nunca havíamos presenciado antes. Era hora da missa e só entramos no prédio depois que os sinos silenciaram. Mais um local de Porto Alegre que impressiona pela imponência.
Memorial Livraria do Globo
O prédio que abrigou por muitos anos a Livraria do Globo teve sua fachada preservada, apesar de hoje ser utilizado por uma grande loja de departamentos. Erico Verissimo trabalhou muitos anos na Livraria, que se tornou a mais importante do Rio Grande do Sul. Naquele prédio Erico escreveu várias obras, principalmente no início de sua carreira.
Entre na loja e no segundo andar está o memorial dedicado à Livraria do Globo e uma estátua de Erico Verissimo.
Foi nossa última visita no Centro Histórico. Dali partimos novamente para o Parque da Orla do Guaíba para apreciar o pôr do sol e repor as energias.
Se você chegou até aqui, esperamos que tenha gostado de nossa passagem por Porto Alegre.
Confira também nosso roteiro pelo estado do Rio Grande do Sul em busca de Erico Verissimo.
Brilhante pesquisa! Parabéns para os dois investigadores
A 1a parte “Expedição literária pela Capital” foi lida com prazer. Fiquei até com vontade de retornar à Porto Alegre. Parabéns pelos autores, meus amigos jornalistas. Aguardo com expectativa as outras narrativas dos caminhos de Érico Veríssimo. Parabéns e abraços. Bruno